O SENSO COMUM
O senso comum, no sentido habitual desta expressão, é uma faculdade do espírito, um instrumento judicatório[1]; é, objectivamente, um conjunto de opiniões recebidas, uma maneira comum de sentir e agir e não implica qualquer ideia de juízo teórico.
É um conjunto de ideias, costumes e maneiras de pensar que o homem tem na sua vida prática e diária. É constante, comum, universal.
É a Razão no seu estado bruto, sem ciência nem filosofia. É a Razão mais simples, sem desenvolvimento ou aperfeiçoamento.
Pertence ao primeiro nível do conhecimento: o conhecimento empírico.
Há três níveis de conhecimento: | Ø Conhecimento empírico Ø Conhecimento científico Ø Conhecimento filosófico |
CONHECIMENTO EMPÍRICO
É o conhecimento que considera a experiência sensorial como a única fonte do saber. Nega o papel activo e relativamente independente do pensamento. É uma totalidade de saber não unificado. É um entrave epistemológico.
Características do conhecimento empírico:
Conhecimento vulgar ligado à experiência | Experiência Pessoal (dia a dia) dos outros (usos, costumes, crenças, provérbios populares, etc) |
Conhecimento sincrético(confuso, desordenado, baralhado) | Saber sincrético: saber que se refere aos mais diferentes aspectos da vida e do real, mas sem qualquer ordenação ou sistematização. |
Conhecimento geral | Ø Comum à generalidade das pessoas Ø Não é especializado Ø É superficial (o que aparenta ser) Ø Refere-se a noções gerais e não a conhecimentos seguros. |
É dominado por um ponto de vista subjectivo | Ø Experiência pessoal Ø Motivações próprias |
Conhecimento | Ø Eficácia em tarefas imediatas |
1ª TESE: | Segundo esta tese , tem de se passar pela observação da natureza antes de se chegar ao conhecimento científico. Ex: De: Chega-se a : § Alquimia ® Química § Ervas medicinais ® Farmacologia § Astrologia ® Astronomia Etc. |
2ª TESE: | Gaston Bachelard diz que não há passagem do conhecimento empírico para o conhecimento científico. |
NOTA: A OPINIÃO É UM OBSTÁCULO EPISTEMOLÓGICO
Ø A opinião é um conhecimento subjectivo, não fidedigno. A Ciência opõe-se à opinião porque esta não pensa, nunca tem razão; a opinião traduz necessidades em conhecimentos. Ela designa os objectos pela sua utilidade mas não os conhece. É necessário destruir a opinião para se chegar ao conhecimento, ao saber. É o primeiro obstáculo a ultrapassar.
Obs.: O espírito científico impede-nos de ter uma opinião sobre questões que não compreendemos ou não sabemos formular claramente.
Conclusão: Para se produzir um saber positivo, é necessário negar um pseudo-saber anterior.
CONHECIMENTO EMPÍRICOß Opinião ß ...para que serve... | | CONHECIMENTO CIENTÍFICO ß certeza, saber positivo e objectivo ß ...o que é ... |
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
É um conhecimento da natureza, mas já interpretado pelo cientista; construído, reproduzido no laboratório.
É um conhecimento racional.
A ciência é um conhecimento objectivo que estabelece entre os fenómenos relações universais e necessárias, autorizando a previsão de resultados que somos capazes de isolar pela observação da causa ou de dominar experimentalmente.
A ciência estuda os fenómenos (factos definidos e classificados pelo homem de ciência).
A linguagem da ciência é matemática embora nem todo o real seja susceptível de ser medido; quanto mais complexa é a realidade, menos matematizável se apresenta.
Embora a quantificação dos fenómenos seja o ideal atingir pela ciência, há limites de quantificação. Ex: emoções, reacções instintivas, etc, não podem ser quantificáveis.
O que é a ciência?
A ciência é uma classificação, uma forma de aproximar fatos que as aparências separam embora estes estejam ligados por qualquer parentesco natural e escondido.
A ciência é um sistema de relações . É nas relações que a objetividade deve ser procurada e nunca nos seres isolados uns dos outros.
É um conhecimento objetivo que estabelece entre os fenómenos relações universais e necessárias Þ (é assim e não pode ser de outra maneira), autorizando a previsão de resultados que somos capazes de dominar experimentalmente ou de isolar pela observação da causa.
Nota: Não há objetividade num facto, pois nenhum é igual ao outro. Só há objetividade na relação entre os factos.
Quanto às características do conhecimento científico (objetividade, positividade, operatividade, racionalidade, revisibilidade, autonomia) falaremos disso em tempo oportuno. Apenas e sobre este último ponto (autonomia) apontaremos alguns pormenores de interesse imediato.
ASSIM:
A ciência é autónoma em relação à fé e à filosofia. CIÊNCIA RELIGIÃO - Domínio natural Þ Domínio sobrenatural - Experimentação, raciocínio Þ Fé - Fatos positivos Þ Verdades reveladas CIÊNCIA FILOSOFIA - Domínio próprio e bem definido Þ Reflete sobre a ciência; critica princípios e métodos científicos. |
A CONSTRUÇÃO DO FACTO CIENTÍFICO
A ciência, plenamente positiva, vive de fatos. Os factos não são dados, mas construídos pelo espírito do cientista.
OBSERVAÇÃO IMEDIATA DA NATUREZA “fato bruto” “fato percepcionado” Ex: A falha da árvore cai, rodopiando. | | RECONSTRUÇÃO DA NATUREZA “fato científico” “fato construído” Ex: Os graves caem na vertical. |
OBS:
O cientista simplifica, purifica, interpreta e escolhe, porque dispõe duma teoria científica e instruções técnicas.
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
A filosofia é mais que um saber; é uma atitude: a atitude filosófica.
Dentro da filosofia (algumas rubricas): 1) Filosofar espontâneo e sistemático | O homem e o mundo |
2) Atitude filosófica | Atitude interrogativa Busca de soluções Atitude crítica Necessidade comum a todo o homem Uma sageza |
3) Algumas concepções de filosofia | Fil. Como totalidade do saber Fil. Como metafísica Fil. Como síntese das ciências Perspectivas actuais da Filosofia |
A Filosofia distingue-se das ciências:
Ø Pela profundidade da sua investigação, isto é, explica a realidade das coisas pelas causas últimas e não imediatas.
Ø Pela sua crítica e reflexão, isto é, critica os princípios das ciências depois de reflectir sobre a investigação científica.
Ø Pelo seu grau de generalidade e de síntese, isto é, abrange toda a realidade e procura dar unidade total ao conhecimento.
Ø Pela sua humanidade e valorização, isto é,
BIBLIOGRAFIA
- ALVES, RUBEM. Filosofia da Ciência - Introdução ao jogo e suas regras. Editora Brasiliense. 1981. São Paulo
- CHAUÍ, MARILENA. Convite á Filosofia. Editora Ática. 1994. São Paulo
- LUCKESI, CIPRIANO CARLOS e PASSOS, ELIZETE SILVA. Introdução à Filosofia - aprendendo a pensar. Cortez Editora. 2ª Edição. 1996. São Paulo
- FOUREZ, GÉRARD. A construção das ciências - introdução à filosofia e à Ética das Ciências. Editora Unesp. 1995. São Paulo
- SÁTIRO, ANGÉLICA e WUENSCH, ANA MIRIAM. Pensando melhor – Iniciação ao filosofar. Editora Saraiva. 1997. São Paulo
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