sábado, 27 de fevereiro de 2010


Pedagogia da Terra e Cultura da Sustentabilidade
                                                          Moacir Gadotti


A sustentabilidade tornou-se um tema preponderante neste inicio de milênio, um tema portador de um projeto social global e capaz de reeducar nosso olhar e todos os nossos sentidos, capaz de reacender a esperança em um futuro possível, com dignidade para todos.
A sustentabilidade não tem a ver apenas com a biologia, a economia e a ecologia tem a ver com a relação que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza.
Revista Pátio, Ano V No 19. Nov 2001/Jan 2002. Este texto é para uso exclusivo em sala de aula.
 Venho acompanhando o tema da educação ambiental desde 1992. quando representei a Internacional Commurlity Education Assoclation (ICEA) na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-921. chamada de Cúpula da Terra. que elaborou e aprovou a Agenda 21. No Fórum Global 92. na mesma época. participei. ao lado de Moema Viezer. Fábio Cascino. Nilo Diniz e Marcos Sorrentino. da coordenação da Jornada Internacional de Educação Ambiental. que elaborou o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.
Três décadas de debates sobre .nosso futuro comum, deixaram algumas pegadas ecológicas tanto no campo da economia quanto no campo da ética da política e da educação que podem indicar-nos um caminho diante dos desafios do século XXI. A sustentabilidade tornou-se não só um tema gerador preponderante neste inicio de milênio para pensar o planeta mas também um tema portador de um projeto social global e capaz de reeducar nosso olhar e todos os nossos sentidos capaz de reacender a esperança em um futuro possível com dignidade para todos.
O cenário não é otimista: podemos destruir toda a vida no planeta neste milênio que se inicia. Uma ação conjunta global é necessária. Um movimento como grande obra civilizatória de todos é indispensável para realizarmos essa outra globalização, essa planetarização, fundamentada em outros princípios éticos que não os baseados na exploração econômica, na dominação política e na exclusão social. O modo pelo qual vamos produzir nossa existência neste pequeno planeta decidirá sobre a sua vida ou a sua morte, bem como a de todos os nossos filhos e filhas. A Terra deixou de ser um fenômeno puramente geográfico para se tornar um fenômeno histórico.
Os paradigmas clássicos, fundados em uma visão industrialista predatória. antropocêntrica e desenvolvimentista estão esgotando-se, não dando conta de explicar o momento presente e de responder às necessidades futuras. Precisamos de um outro paradigma. fundado em uma visão sustentável do planeta Terra. O globalismo é essencialmente insustentável, ele atende primeiro às necessidades do capital e depois a necessidades humanas e muitas das necessidades humanas a que ele atende tornaram-se humanas apenas porque foram produzidas como tais para servirem ao capital.
Precisamos de uma "Pedagogia da Terra", uma pedagogia apropriada a esse momento de reconstrução paradigmática. apropriada à cultura da sustentabilidade e da paz. Ela vem constituindo-se gradativamente, beneficiando-se de muitas reflexões que ocorreram nas últimas décadas principalmente no Interior do movimento ecológico. Ela se fundamenta em um paradigma filosófico (Paulo Freire. Leonardo Boff. Sebastião Salgado. Boaventura de Sousa Santos, Milton Santos. Aziz Ab'Sáber, Thomas Berry. Fritjop Capra, Edgar Morin) emergente na educação que propõe um conjunto de Saberes/valores Interdependentes. Entre eles podemos destacar:
1. Educar para pensar globalmente: na era da Informação, diante da velocidade com que o conhecimento é produzido e envelhece não adianta acumular informações. Preciso saber pensar. E pensar a realidade, não pensamentos já pensados. Daí a necessidade de recolocarmos o tema do conhecimento do saber aprender. Do saber conhecer. das metodologias, da organização do trabalho na escola.
2. Educar os sentimentos: o ser humano é o único ser vivente que se pergunta sobre o sentido de sua vida. É necessário educar para sentir e ter sentido, para cuidar e cuidar-se. para viver com sentido em cada instante da nossa vida. Somos humanos porque sentimos e não apenas porque pensamos. Somos parte de um todo em construção.
3. Ensinar a identidade terrena como condição humana essencial: nosso destino comum é compartilhar com todos nossa vida no planeta. Nossa identidade é ao mesmo tempo individual e cósmica. É preciso educar para conquistar um vínculo amoroso com a Terra, não para explorá-la, mas para amá-la.
4. Formar para a consciência planetária: é preciso compreender que somos interdependentes. A Terra é uma só nação e nós, os terráqueos os seus cidadãos. Não precisamos de passaportes. Em nenhum lugar na Terra deveríamos considerar-nos estrangeiros. Separar primeiro de terceiro mundo significa dividir o mundo para governá-lo a partir dos mais poderosos; essa é a divisão globallista entre globalizadores e globalizados. o contrário do processo de planetarização.
5. Formar para a compreensão: é necessário formar para a ética do gênero humano, não para a ética instrumental e utilitária do mercado. No mesmo sentido, é necessário educar para se comunicar, não comunicar para explorar. para tirar proveito do outro. mas para compreendê-lo melhor. A Pedagogia da Terra funda-se nesse novo paradigma ético e em uma nova inteligência do mundo. Inteligente não é aquele que sabe resolver problemas (inteligência Instrumental), mas aquele que tem um projeto de vida solidário, porque a solidariedade não é hoje apenas um valor. e sim condição de sobrevivência de todos.
6. Educar para a simplicidade e para a quietude: nossas vidas precisam ser guiadas por novos valores. como simplicidade. austeridade. quietude. paz. saber escutar. saber viver juntos. compartilhar. descobrir e fazer juntos. Precisamos escolher entre um mundo mais responsável frente à cultura dominante, que é uma cultura de guerra, de competitividade sem solidariedade. E passar de uma responsabilidade diluída a uma ação concreta, praticando a sustentabilidade na vida diária, na família, no trabalho, na escola, na rua.
A simplicidade não se confunde com a simploriedade e a quietude não se confunde com a cultura do silêncio. A simplicidade deve ser voluntária. como a mudança de nossos hábitos de consumo. reduzindo nossas demandas. A quietude é uma virtude conquistada com a paz interior e não com o silêncio imposto.
É claro, tudo isso supõe justiça, e justiça supõe que todas e todos tenham acesso à qualidade de vida. Seria cínico falar de redução de demandas de consumo. Atacar o consumismo, falar de consumismo aos que ainda não tiveram acesso ao consumo básico. Não existe paz sem justiça.
Diante do possível extermínio do planeta, surgem alternativas em uma cultura da paz e uma cultura da sustentabilidade. A sustentabilidade não tem a ver apenas com a biologia, a economia e a ecologia; tem a ver com a relação que mantemos com nós mesmos. com os outros e com a natureza. A pedagogia deveria começar por ensinar sobretudo a ler o mundo, como nos diz Paulo Freire. O mundo que é o próprio universo, porque é ele nosso primeiro educador. Essa primeira educação é uma educação emocional, que nos coloca diante do mistério do universo. Na intimidade com ele, produzindo a emoção de nos sentirmos parte desse sagrado ser vivo e em evolução permanente.
Não entendemos o universo como partes ou entidades separadas, mas como um todo sagrado, misterioso que nos desafia a cada momento de nossas vidas em evolução, em expansão, em interação. Razão, emoção e Intuição são partes desse processo, em que o próprio observador está Implicado. O paradigma Terra é um paradigma civilizatório. E, como a cultura da sustentabilidade oferece uma nova percepção da Terra. considerando-a como uma única comunidade de humanos; ela se torna básica para uma cultura de paz.
O universo não está lá fora. Está dentro de nós. Está muito próximo de nós. Um pequeno jardim. uma horta, um pedaço de terra é um microcosmos de todo o mundo natural. Nele encontramos formas de vida, recursos de vida, processos de vida. A partir dele podemos reconceitualizar nosso currículo escolar. Ao construí-lo e ao cultivá-lo. Podemos aprender muitas coisas. As crianças o encaram como fonte de tantos mistérios. Ele nos ensina os valores da emocionalidade com a Terra: a vida. a morte, a sobrevivência. Os valores da paciência, da perseverança, da criatividade., da adaptação, da transformação, da renovação.
Todas as nossas escolas podem transformar em jardins professores-alunos, os educadores-educandos em jardineiros. O jardim ensina-nos ideais democráticos: conexão. Escolha, responsabilidade. Decisão, iniciativa. Igualdade, biodiversidade, cores, classes, etnicidade e gênero.
Estamos diante do crescimento incessante e paralelo entre a miséria e a tecnologia: somos uma espécie do sucesso no campo tecnológico. Porém muito mal sucedida no governo do humano. Vivemos na era da informação mas não do conhecimento e da comunicação. As tecnologias da comunicação não significam comunicação humana. Por isso, temos necessidade de uma esfera publica cidadã" (Jurgen Habermas), uma esfera publica de decisão não-estatal; precisamos, como diz Adela Cortina, de “uma ética pública cívica”, fundada em uma sociedade pluralista (por exemplo, respeitar respostas distintas a perguntas sobre a vida, Isto e, praticar o pluralismo ético), na convivência autêntica ("viver juntos e não apenas se justapor"), na construção coletiva ("tarefa a realizar permanentemente, pois os pontos de convergência não são automáticos"), e no descobrimento mútuo e no diálogo ("buscar o que temos em comum").
A "Carta" significa "mapa", um mapa para nos guiar nessa travessia conturbada. Nesse sentido. a Carta da Terra precisa ser considerada como um código de ética planetária a nos guiar hoje para um mundo onde predominem os valores da solidariedade e da sustentabilidade, um projeto. um movimento, um processo que pode transformar o risco de extermínio em oportunidade histórica, transformar o temor em esperança. Adotar e promover a prática de seus vaiares não pode ser apenas o compromisso de estados e nações, e sim de cada ser humano. Individual, pessoal, como sujeito da história. como vem promovendo o Manifesto 2000 da Unesco. Precisamos de uma cultura de paz com justiça social para enfrentar a barbárie. Se aceitamos a barbárie. acostumamo-nos a um cotidiano de violência e de insustentabilidade. :
No livro Pedagogia da Terra defendemos a necessidade de uma Carta da Terra associada a um processo de paz. A uma cultura de paz. E, como a Carta da Terra é um documento ético, ela precisa da educação para se tornar cada vez mais conhecida. Contudo, precisamos de mudança não só na consciência das pessoas, mas também de mudanças estruturais no campo econômico, como as propostas pela Agenda 21 . A Carta da Terra precisa estar associada à Agenda 21 e ter um grande suporte na sociedade civil. Os governos podem assinar tratados, podem adotar a Carta da Terra. porém não cumprirão suas promessas se a sociedade civil não estiver vigilante e não pressionar os governantes para que eles cumpram o que assumiram. O que foi socialmente construído pode ser socialmente transformado. Um outro mundo é possível. Uma outra globalização é possível. Precisamos chegar lá juntos e, sobretudo, em tempo.
Nota
Este artigo é resultado de diversos debates promovidos em encontros e congressos. em particular: a Conferência Continental das Américas, realizada em Cuiabá (MTI,. em dezembro de 1998; o Primeiro Encontro Internacional da Carta da Terra na Perspectiva da Educação, organizado pelo Instituto Paulo Freire. com o apoio do Conselho da Terra e da UNESCO. realizado em São Paulo. de 23 a 26 de agosto de 1999. e o I Fórum Internacional sobre Ecopedagogia. realizado na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto. Portugal, de 24 a 26 de marco de 2000.
Referência Bibliográfica
PESSOA, f. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aquilar,. 1995. p. 223 e 231







O Sistema Educacional No Brasil Antes E Depois Da Implementação Da LDB 9394/96

INTRODUÇÃO
Vale lembrar que alterações curriculares acabam representando objetos de grande destaque para discussão na maioria das reformas no âmbito escolar, talvez por representarem uma etapa de concretude visível ao serem colocadas em prática nas salas de aula, onde os professores e os estudantes são os atores principais.
Apesar deste contexto de particularização do trabalho na escola, dentro das salas de aula, devemos lembrar que a organização escolar envolve idéias, opiniões e tradições advindos de seus vários componentes. Assim, inúmeros são os setores da sociedade (como universidades, grupos de pesquisas, organizações não governamentais, meios de comunicação, etc.) que acabam influenciando na organização da escola e, conseqüentemente, do seu currículo disciplinar. Atualmente, sob a influência de diversos meios como fatores formativos do currículo escolar, a escola tem papel ímpar de formação das políticas do que deve ser ensinado no Brasil, o currículo. Notamos que políticas educacionais brasileiras dos diversos períodos históricos foram influenciadas por regionalismos culturais, socioeconômicos e históricos, levando a diversas reinterpretações dos mais variados documentos oficiais que tinham como objetivo guiar o ensino brasileiro.
Neste contexto, não basta conhecer teoricamente as legislações que permeiam as atividades de ensino. Faz-se necessário saber também sobre o contexto histórico em que as mais diversas iniciativas governamentais foram tomadas, para que se entenda um pouco mais sobre certas características dos diversos períodos do sistema educacional brasileiro e seja possível aproveitar as experiências bem sucedidas, evitando reincidir nos erros passados. Assim, para compreender um pouco das marcas dos movimentos das políticas governamentais em nosso sistema educacional, é válido rever alguns aspectos históricos das principais mudanças educacionais e, principalmente, curriculares.
Importantes ações voltadas para a educação brasileira datam da década de 1930 com a criação do Ministério da Educação e a reforma de 1931, conhecida por Reforma Francisco Campos, com a proposta de ensino voltado para a vida cotidiana, como pode ser notado em trechos no texto sugerindo aplicações da Ciência no dia-a-dia. Em 1942, outra política educacional foi lançada, destacando-se dentre outros aspectos, a reforma dos ensinos secundário e universitário, com a criação da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1945. A chamada Reforma Capanema, assim como a anterior, centrava o ensino em questões do cotidiano, tendo sido considerada por muitos como um sistema educacional que correspondia à divisão econômico-social do trabalho.
Em 1961, surgiu a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, a Lei 4024/61 ou simplesmente LDB/61, como resultado do trabalho de dois grupos com orientações de filosofia partidária distinta. Os estatistas eram esquerdistas e defendiam que a finalidade da educação era preparar o indivíduo para o bem da sociedade e que só o Estado deve educar. Os liberalistas eram de centro/direita e defendiam os direitos naturais e que não cabe ao Estado garanti-los ou negá-los, mas simplesmente respeitá-los. Após quase 16 anos de disputa entre essas correntes, as idéias dos liberalistas acabaram representando a maior parte do texto aprovado pelo Congresso. A LDB/61 trouxe como principais mudanças a possibilidade de acesso ao nível superior para egressos do ensino técnico e a criação do Conselho Federal de Educação e dos Conselhos Estaduais, num esquema de rígido controle do sistema educacional brasileiro. A demora para aprovação da LDB/61 trouxe-lhe uma conotação de desatualização e, logo após sua promulgação, outras ações no âmbito de políticas educacionais públicas surgiram, desta vez, inseridas no cenário político de domínio militar. Por exemplo, em 1968, a Lei 5540/68 criou o vestibular e, em 1971, surgiu a Lei 5692/71, conhecida também como LDB/71, cuja função foi atualizar a antiga LDB/61, como resultado do trabalho de membros do governo indicados pelo então Ministro da Educação Coronel Jarbas Passarinho
A LDB/71 definia os currículos como constituídos por disciplinas de obrigatoriedade nacional, escolhidas pelo Conselho Federal de Educação (análogas ao atual núcleo comum). Além disso, os Estados podiam indicar disciplinas obrigatórias em suas jurisdições (análogo à atual parte diversificada do currículo), porém sob rígido controle dos governos estaduais. Também na década de 1970, surgiu uma política de valorização do ensino técnico profissionalizante e, especificamente com relação ao ensino de Química, passou a valer um caráter mais científico da disciplina. Nesta época, o Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo criou o Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS) para fortalecer o crescimento industrial paulista, pela possibilidade de formação profissional.
Na seqüência das políticas educacionais, em 1996, foi sancionada a Lei 9394/96, a LDB/96, que buscou reestruturar o sistema educacional brasileiro, com regulamentações tanto nas áreas de formação de professores e gestão escolar quanto nas áreas de currículo, a partir do resultado de debates realizados ao longo de oito anos, especificamente entre duas propostas distintas. Uma delas envolvia debates abertos com a sociedade, defendendo maior participação da sociedade civil nos mecanismos de controle do sistema de ensino, enquanto a outra proposta resultava de articulações entre Senado e MEC, sem a participação popular, defendendo o poder sobre a educação mais centralizado, a qual acabou vencendo a "disputa" de idéi. Com a LDB/96, mais uma vez foram modificadas as denominações do sistema de ensino brasileiro que passou a envolver a educação básica que consiste da educação infantil (até 6 anos), ensino fundamental (8 séries do antigo primário) e ensino médio (3 séries); ensino técnico (agora obrigatoriamente desvinculado do ensino médio), além do ensino superior. A LDB/96 é considerada a mais importante lei educacional brasileira e fundamenta as subseqüentes ações dos governamentais no âmbito educacional discutidas a seguir, como os Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio, PCNEM, as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e a Proposta Curricular do Estado de São Paulo de 2008.
Em 1999, o PCNEM surge como conseqüência da LDB/96 numa proposta visando unir qualidade do ensino e formação de cidadãos aptos ao novo mundo do trabalho globalizado, com a organização do ensino voltado para o desenvolvimento de competências e habilidades nos estudantes. “Competências e habilidades” foram introduzidas como novos paradigmas educacionais e assumiram papel central para discussão da proposta, principalmente entre os professores.
O currículo por competências é um formato integrado, onde as competências não estão intimamente ligadas a um conteúdo específico, mas sim a um conjunto de conteúdos, advindos de disciplinas diversas. Sobre o currículo por competências e habilidades.
Após a publicação do PCNEM, surgiu, em 2002, com foco no ensino médio, um novo documento: o PCNEM com orientações complementares ao PCNEM, trazendo as competências e habilidades recontextualizadas, ou seja, com esquemas de propostas para o desenvolvimento de conceitos em sala de aula. Apresentado em volumes específicos para as três grandes áreas, o PCNEM+ de certa forma complementava o PCNEM, trazendo os pressupostos teóricos da proposta geral para um nível mais concreto, com uma sugestão para organização curricular, o que os professores, de modo geral, buscavam, com algum grau de definição, para organizar suas aulas em termos de conteúdos curriculares.
Em 2004, foi lançado um novo documento para substituir o PCNEM: as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio que trata de alguns pontos controversos da proposta de 1999, como a idéia de todos os problemas educacionais são resolvidos com reforma curricular e a falta de explicitação de orientações para aplicação dos conceitos de habilidades e competências na sala de aula. Assim, esse novo documento, com vigência atual, coloca em foco mudanças para a reorganização curricular, como a priorização da diversidade cultural dentro da escola, utilizando-se do currículo como complemento às políticas sócio-culturais; as mudanças no enfoque da avaliação (passando de quantitativa para qualitativa) e o estímulo à formação continuada de professores e gestores, dentre outros aspectos.
Como subsídio adicional para organização dos currículos dos ensinos fundamental e médio, surgiu em fevereiro de 2008 a Proposta Curricular do Estado de São de Paulo. Para o ensino médio, esta proposta, coordenada por Maria Inês Fini, foi elaborada por pesquisadores da área de educação que atuam no Estado, juntamente com membros do governo paulista. O material tem volumes específicos para cada disciplina, com organização dividida em 4 bimestres das 3 séries, de acordo com um tema central a ser desenvolvido em conteúdos gerais e específicos.
CONCLUSÃO
A área de pesquisa em políticas públicas no Brasil é grande e cresceu muito na última década onde se observa a criação de vários centros e núcleos de estudo no país, que buscam analisar a questão político-institucional do estado brasileiro na formulação e gestão de políticas sociais sob vários aspectos.
Portanto, trabalhar com políticas públicas exige muita investigação para se chegar aos motivos mais próximos da verdade que ajudem a explicar porque apesar do Brasil possuir uma rede de políticas sociais ainda permanece com tanta desigualdade social, com tantas pessoas passando necessidades diversas que podiam ser atendidas pelo Estado.
A Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional (LDB), promulgada em 1996, é uma lei emanada do Congresso Nacional. Como lei 9.394/96, deve ser cumprida e respeitada. No entanto, para os educadores, deve ser tomada, também, como uma espécie de livro sagrado e, sendo assim, reverenciada.
Na Lei da Educação, são muitas as acepções de aprender que podemos depreender a partir da leitura de seus dispositivos legais referentes à educação escolar, porém a lei pode ser mudada para proporcionar melhorias e um ensino de melhor qualidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional, Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
CARRERI, A. V. Cotidiano escolar e políticas curriculares: táticas entre professores e consumidores. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação - UNICAMP, 2007.
MARTINS, M. C. A CENP e a criação do currículo de História: a descontinuidade de um projeto educacional. Revista Brasileira de História, vol. 18, n. 36, 1998.
PASSOS, R. D. F. O Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (Ceeteps): breve História e perspectivas. Disponível em: http://www.trinolex.com. Acesso em: 10/09/2008.
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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM


O processo de aprendizagem é pessoal, sendo resultado de construção e experiências passadas que influenciam as aprendizagens futuras. Dessa forma a aprendizagem numa perspectiva cognitivo-construtivista é como uma construção pessoal resultante de um processo experimental, interior à pessoa e que se manifesta por uma modificação de comportamento.
Ao aprender o sujeito acrescenta aos conhecimentos que possui novos conhecimentos, fazendo ligações àqueles já existentes. E durante o seu trajeto educativo tem a possibilidade de adquirir uma estrutura cognitiva clara, estável e organizada de forma adequada, tendo a vantagem de poder consolidar conhecimentos novos, complementares e relacionados de alguma forma.
O principal objetivo da educação é o de levar o aluno com um certo nível inicial a atingir um determinado nível final. Se conseguir fazer com que o aluno passe de um nível para outro, então terá registrado um processo de aprendizagem.
Cabe aos educadores proporcionar situações de interação tais, que despertem no educando motivação para interação com o objeto do conhecimento, com seus colegas e com os próprios professores.
Porque, mesmo que a aprendizagem ocorra na intimidade do sujeito, o processo de construção do conhecimento dá-se na diversidade e na qualidade das suas interações.
Por isso a ação educativa da escola deve propiciar ao aluno oportunidades para que esse seja induzido a um esforço intencional, visando resultados esperados e compreendidos.
 
DESENVOLVIMENTO
A aprendizagem está envolvida em múltiplos fatores, que se implicam mutuamente e que embora possamos analisá-los separadamente, fazem parte de um todo que depende, quer na sua natureza, quer na sua qualidade, de uma série de condições internas e externas ao sujeito.
No entanto, para a Psicologia, o conceito de aprendizagem não é tão simples assim. Há diversas possibilidades de aprendizagem, ou seja, há diversos fatores que nos leva a aprender um comportamento que anteriormente não apresentávamos um crescimento físico, descobertas, tentativas e erros, ensino, etc. (BOCK, 1999, p. 114)
A aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A aprendizagem é resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações.
De acordo com Bock (1999, p. 117), o processo de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva é o que os cognitivistas denominam aprendizagem.
A abordagem cognitivista diferencia a aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa.
Bock (1999, p. 117) destaca que a aprendizagem mecânica refere-se à aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura cognitiva.
Já a aprendizagem significativa, segundo a autora, processa-se quando um novo conteúdo (idéias ou informações), relaciona-se com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assim assimilado.
É necessário refletir que cada indivíduo apresenta um conjunto de estratégias cognitivas que mobilizam o processo de aprendizagem. Em outras palavras, cada pessoa aprende a seu modo, estilo e ritmo. Embora haja discordâncias entre os estudiosos, estes são quatro categorias representativas dos estilos de aprendizagem.
O conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou como um produto. Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, idéias e conceitos o conhecimento surge como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um processo, podemos então olhar o conhecimento como uma atividade intelectual através da qual é feita a apreensão de algo exterior à pessoa.
No nível social podemos considerar a aprendizagem como um dos pólos do par ensino-aprendizagem, cuja síntese constitui o processo educativo. Tal processo compreende todos os comportamentos dedicados à transmissão da cultura, inclusive os objetivados como instituições que, específica (escola) ou secundariamente (família), promovem a educação. Através dela o sujeito histórico exercita, usa utensílios, fabrica e reza segundo a modalidade própria de seu grupo de pertencimento. (PAÍN, 1985, p. 16)
Assim, na concepção vygotskyana, o pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala.
Segundo Vygotsky (1993 p.44), uma vez admitido o caráter histórico do pensamento verbal, devemos considerá-lo sujeito a todas as premissas do materialismo histórico, que são válidas para qualquer fenômeno histórico na sociedade humana.
Vygotsky (1991 p. 101) diz ainda que o pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. Por trás de cada pensamento há uma tendência afetivo-volitiva. Uma compreensão plena e verdadeira do pensamento de outrem só é possível quando entendemos sua base afetivo-volutiva.
Para Vygotsky, a aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas. A relação do individuo com o mundo está sempre medida pelo outro. Não há como aprender e apreender o mundo se não tivermos o ouro, aquele que nos fornece os significados que permitem pensar o mundo a nossa volta. Veja bem, Vygotsky defende a idéia de que não há um desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós que vai se atualizando conforme o tempo passa ou recebemos influência externa. (BOCK, 1999, p. 124)
Com isso entende-se que o desenvolvimento do individuo é um processo que se dá de fora para dentro, sendo que o meio influencia o processo de ensino-aprendizagem.
Segundo a concepção de Vygoysky se a aprendizagem está em função não só da comunicação, mas também do nível de desenvolvimento alcançado, adquire então relevo especial – além da análise do processo de comunicação – análise do modo como o sujeito constrói os conceitos comunicados e, portanto, a análise qualitativa das “estratégias”, dos erros, do processo de generalização. Trata-se de compreender como funcionam esses mecanismos mentais que permitem a construção dos conceitos e que se modificam em função do desenvolvimento. (VYGOSTSKY, 1991, p. 2)
Pode-se afirmar que a aprendizagem acontece por um processo cognitivo imbuído de afetividade, relação e motivação. Assim, para aprender é imprescindível “poder” fazê-lo, o que faz referência às capacidades, aos conhecimentos, às estratégias e às destrezas necessárias, para isso é necessário “querer” fazê-lo, ter a disposição, a intenção e a motivação suficientes.
Para ter bons resultados acadêmicos, os alunos necessitam de colocar tanta voluntariedade como habilidade, o que conduz à necessidade de integrar tanto os aspectos cognitivos como os motivacionais,
A motivação é um processo que se dá no interior do sujeito, estando, entretanto, intimamente ligado às relações de troca que o mesmo estabelece com o meio, principalmente, seus professores e colegas. Nas situações escolares, o interesse é indispensável para que o aluno tenha motivos de ação no sentido de apropriar-se do conhecimento.
A autora Bock (1999, p. 120) destaca que a motivação continua sendo um complexo tema para a Psicologia e, particularmente, para as teorias de aprendizagem e ensino.
A motivação é um fator que deve ser equacionado no contexto da educação, ciência e tecnologia, tendo grande importância na análise do processo educativo.
A motivação apresenta-se como o aspecto dinâmico da ação: é o que leva o sujeito a agir, ou seja, o que o leva a iniciar uma ação, a orientá-la em função de certos objetivos, a decidir a sua prossecução e o seu termo
A motivação é, portanto, o processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Isso significa que, na base da motivação, está sempre um organismo que apresenta uma necessidade, um desejo, uma intenção, um interesse, uma vontade ou uma predisposição para agir. A motivação está também incluído o ambiente que estimula o organismo e que oferece o objeto de satisfação. E, por fim, na motivação está incluído o objeto que aparece como a possibilidade de satisfação da necessidade. (BOCK, 1999, p. 121)
Uma das grandes virtudes da motivação é melhorar a atenção e a concentração, nessa perspectiva pode-se dizer que a motivação é a força que move o sujeito a realizar atividades.
Ao sentir-se motivado o individuo tem vontade de fazer alguma coisa e se torna capaz de manter o esforço necessário durante o tempo necessário para atingir o objetivo proposto.
Bock (1999, p. 121) também afirma que a preocupação do ensino tem sido a de criar condições tais, que o aluno “fique a fim” de aprender.
Diante desse contexto percebe-se que a motivação deve ser considerada pelos professores de forma cuidadosa, procurando mobilizar as capacidades e potencialidades dos alunos a este nível.
Torna-se tarefa primordial do professor identificar e aproveitar aquilo que atrai a criança, aquilo do que ela gosta, como modo de privilegiar seus interesses.
Motivar passa a ser, também, um trabalho de atrair, encantar, prender a atenção, seduzir o aluno, utilizando o que a criança gosta de fazer como forma de engajá-la no ensino.
Bock, cita algumas sugestões de como criar interesses:
1. Propiciando a descoberta. Bruner é defensor desta proposta. O aluno deve ser desafiado, para que deseje saber, e uma forma de criar este interesse é dar a ele a possibilidade de descobrir.
2. desenvolver nos alunos uma atitude de investigação, uma atitude que garanta o desejo mais duradouro de saber, de querer saber sempre. Desejar saber deve passar a ser um estilo de vida. Essa atitude pode ser desenvolvida com atividades muito simples, que começam pelo incentivo á observação da realidade próxima ao aluno – sua vida cotidiana - , os objetos que fazem parte de seu mundo físico e social. Essas observações sistematizadas vão gerar duvidas (por que as coisas são como são?) e aí é preciso investigar, descobrir.
3. Falar ao sempre numa linguagem acessível, de fácil compreensão.
4. Os exercícios e tarefas deverão ter um grau adequado de complexidade. Tarefas muito difíceis, que geram fracasso, e tarefas fáceis, que não desafiam, levam à perda do interesse. O aluno não “fica a fim”.
5. Compreender a utilidade do que se está aprendendo é também fundamental. Não é difícil para o professor estar sempre retomando em suas aulas a importância e utilidade que o conhecimento tem e poderá ter para o aluno. Somos sempre “ a fim” de aprender coisas que são úteis e têm sentido para nossa vida. (BOCK, 1999, p. 122)
O professor deve descobrir estratégias, recursos para fazer com que o aluno queira aprender, deve fornecer estímulos para que o aluno se sinta motivado a aprender.
Ao estimular o aluno, o educador desafia-o sempre, para ele, aprendizagem é também motivação, onde os motivos provocam o interesse para aquilo que vai ser aprendido.
É fundamental que o aluno queira dominar alguma competência. O desejo de realização é a própria motivação, assim o professor deve fornecer sempre ao aluno o conhecimento de seus avanços, captando a atenção do aluno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A aprendizagem é resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações.
A estrutura cognitiva do aluno tem que ser levada em conta no processo de aprendizagem. Os conhecimentos que o aluno apresenta e que correspondem a um percurso de aprendizagem contínuo são fundamentais na aprendizagem de novos conhecimentos.
São os conhecimentos que o aluno já possui que influenciam o comportamento do aluno em cada momento, uma vez que disponibiliza os recursos para a aptidão.
É necessário refletir sobre o que é o conhecimento e perceber que é algo de complexo que deve ser entendido como um processo de construção e não como um espelho que reflete a realidade exterior.
O professor deve utilizar as estratégias que permitam ao aluno integrar conhecimentos novos, utilizando para tal métodos adequados e um currículo bem estruturado, não esquecendo do papel fundamental que a motivação apresenta neste processo.
As técnicas de incentivo que buscam os motivos para o aluno se tornar motivado, proporcionam uma aula mais efetiva por parte do docente, pois ensinar está relacionado à comunicação.
O ensino só tem sentido quando implica na aprendizagem, por isso é necessário conhecer como o professor ensina e entender como o aluno aprende, só assim o processo educativo poderá acontecer e o aluno conseguirá aprender a pensar, a sentir e a agir.
Não há aprendizagem sem motivação, assim um aluno está motivado quando sente necessidade de aprender o que está sendo tratado. Por meio dessa necessidade, o aluno se dedica às tarefas inerentes até se sentir satisfeito.

REFERÊNCIAS
BOCK, Ana M. Bahia (org). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
PAÍN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. 3ª edição. Porto Alegre, Artes Médicas, 1989
LURIA; LEONTIEV; VYGOTSKY e outros. Psicologia e Pedagogia: Bases Psicológicas da Aprendizagem e do Desenvolvimento. São Paulo: Moraes, 1991.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 1991.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1993.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

 

ACADÊMICOS DE PEDAGOGIA
TURMA: 2007-2008-2009

Verifiquem juntos aos seus TUTORES, se as FICHAS DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO, foram devidamente encaminhadas a COORDENAÇÃO DO CURSO, afim de não terem prejuízos ou problemas futuros quanto a sua graduação.
Lembrem-se que desde 2009, de acordo com a determinação da FAEL, os ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS, tem validação mediante encaminhamento de TERMO DE CONVÊNIO DE ESTÁGIO.
Caso, tenha realizado a ação e não encaminhados nenhum dos documentos procure regularizar sua situação o mais breve possível.

Geonilton Santos Conceição

Coordenador de Pólo Presencial FAEL Teixeira de Freitas-BA
EADCON-A primeira em educação a distância
(73) 9128-0090 - polo.teixeirafreitas.ba@eadcon.com.br
BLOG: poloteixeirafreitasba.blogspot.com
Declare seu amor a cada manhã,
a cada entardecer,
a cada dia de sua vida.
Cuide dele, como só hoje você cuidaria,
como se fosse o último dia de sua vida.
Pense nisso!!!

Só Hoje
Composição: Fernanda Mello e Rogério Flausino

Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito
Nem que seja só pra te levar pra casa
Depois de um dia normal...
Olhar teus olhos de promessas fáceis
E te beijar a boca de um jeito que te faça rir
(que te faça rir)
Hoje eu preciso te abraçar...
Sentir teu cheiro de roupa limpa...
Pra esquecer os meus anseios e dormir em paz!
Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua!
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria...
Em estar vivo.
Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar...
Me dizendo que eu sou o causador da tua insônia...
Que eu faço tudo errado sempre, sempre.
Hoje preciso de você
Com qualquer humor, com qualquer sorriso
Hoje só tua presença
Vai me deixar feliz

Só hoje
Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua!
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria...
Em estar vivo.
Hoje eu preciso tomar um café, ouvindo você suspirar...
Me dizendo que eu sou o causador da tua insônia...
Que eu faço tudo errado sempre, sempre.
Hoje preciso de você...
Com qualquer humor, com qualquer sorriso!
Hoje só tua presença...
Vai me deixar feliz.
Só hoje.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

PROPOSTAS DE PROJETOS/2010












PROJETO:
OFICINAS PEDAGÓGICAS-INFORMÁTICA
PEDAGOGIA.COM
20H/A PRESENCIAL
20H/A SEMI-PRESENCIAL
AVALIAÇÃO
CONSTRUÇÃO DE BLOG VOLTADO PARA O DOCENTE DIVULGAR SEUS TRABALHOS DENTRO DA U.E. ONDE ATUA OU DO CURSO DE GRADUAÇÃO AO QUAL PERTENCE.

TEMAS
O COMPUTADOR NÃO MORDE
- CONHECENDO O PC
- PROGRAMAS BÁSICO
- NAVEGANDO NA INTERNET
- MSN
- E-MAIL
- ORKUT
- TWITTER
EDUCAÇÃO INTERNETIZADA
- EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
- GOOGLE
- SITES DE PESQUISA (Ctrl C – Ctrl V)
INFORMÁTICA EM SALA DE AULA
- EDUCAÇÃO INFANTIL: JOGOS E PROGRAMAS
- ENSINO FUNDAMENTAL: JOGOS E PROGRAMAS
FALANDO A LÍNGUA DA INTERNET
 AVALIAÇÃO SEMI-PREESENCIAL
- CRIAÇÃO DE BLOG (TEORIA-PRÁTICA)












PROJETO:
OFICINA DE CIÊNCIAS
DE CIENTISTA E LOUCO, TODO PEDAGOGO TEM UM POUCO.


PROPOSTA
- Apresentar atividades que levem os pedagogos a trabalharem mais motivados dentro da disciplina Ciências, haja visto, que a formação pedagógica dá a esse profissional a possibilidade de atuar nas séries iniciais e no ensino fundamental, na educação de 09 anos.
Contudo, esse profissional precisa discutir e aprender a trabalhar conteúdos necessários e fundamentais para a formação da criança e do adolescente, o que pode muito bem, ser feito através de ações bem coordenadas e elaboradas pelo profissional.
Por isso a interação com um profissional da área, apresentado sua forma de atuação em sala de aula, é uma troca de conhecimentos fundamental e essa proposta pauta-se nessa realidade.
 AÇÃO
-Metodologia do ensino de ciências para a educação infantil e o ensino fundamental;
-Construção de projetos voltados para conteúdos específicos no ensino de ciências;
-Ciências e Educação Ambiental;
-Ciências e a realidade regional, aprendendo a trabalhar com contextualização;
-O conteúdo de ciências no livro didático.
 METODOLOGIA
- Debate;
- Painel Integrado;
- Vídeos;
- Construção de Projetos.
 AVALIAÇÃO
- Construção de um projeto de ciências com tema escolhido e acompanhado pelo professor-orientador, como critério pra certificar o aprendizado do participante do evento.
 CARGA HORÁRIA
20 horas/aula

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CICLO DE FORMAÇÃO

A reflexão feita sobre os Ciclos de Formação são baseadas no capítulo “Ciclos de Formação: o que significam?” do livro “ Ciclos de Formação: uma proposta transformadora”, de Andréa Krug e no capítulo “ Ciclos de Formação uma nova escola é necessária e possível”, escrito por Jose Clovis de Azevedo, do livro “Ciclos em Revista: a construção de uma outra escola possível”, organizado por Andréa Krug.

Os Ciclos de Formação diferencia-se da concepção de educação seriada, ainda, muito presente nas escolas brasileiras. Nos ciclos os alunos não são agrupados pelos níveis de conhecimento adquiridos, como é feito na escola seriada, mas pelas fases de formação: infância ( 6 a 8 anos ); pré- adolescência ( 9 a 11 anos ) e adolescência ( 12 a 14 anos ).
O conteúdo escolar não é buscado na pura pedagogia. Há toda uma pesquisa sócio-antropológica para conhecer a comunidade. É essa pesquisa que vai guiar a proposta pedagógica da escola.
Muitos professores acham que agrupar os alunos por idade não funcionam. Eles preferem a organização por conteúdo aprendido. A concepção de educação do ciclo não concorda com este tipo de organização, porque este modelo tenta homogeneizar as turmas, excluindo os alunos que não estão no nível de desenvolvimento estabelecido pela escola.
O agrupamento dos alunos por fase de formação dá-se pelo entendimento de que todos os educandos têm condições de se desenvolver e estando reunidos na mesma fase de formação não terão que passar pelo constrangimento que muitos alunos passam na estrutura seriada, que coloca um aluno de 12 anos no mesmo espaço que um de 8. Neste caso, há um desânimo da parte do aluno mais velho, pois suas necessidades não são iguais a do seu colega de 8 anos, que está vivendo uma outra fase da vida humana.
Na estrutura seriada é comum, neste caso, que o professor utilize-se dos mesmos recursos, das mesmas atividades, com todos os alunos, resultando na frustração dos alunos mais velhos, que não vê graça na escola e acaba desistido dos seus estudos. Krug, diz que 11,1% dos alunos abandonam a escola todos os anos.
Na concepção seriada, os alunos são reprovados; no Ciclo de Formação isso não acontece, porque a escola não está preocupada com a homogeneização das turmas, mas com o desenvolvimento dos alunos. Então, os professores trabalham com os alunos de diferentes níveis na sala de aula, usando recursos e atividades diferenciadas para atingir os seus objetivos com todos os alunos. E os educandos com mais dificuldades são atendidos no contra-turno, em salas especializadas, que tenta sanar suas diiculdades.
A seriação não se preocupa com a aprendizagem do aluno, pois o professor não toma medidas para fazer com que eles se desenvolvam. Simplesmente, os alunos que não acompanham os mais desenvolvidos ficam para trás e no final do ano são reprovados.
A avaliação nos Ciclos de Formação não é vista como instrumento de reprovação, de exclusão, mas é entendida e usada como forma de diagnosticar o desenvolvimento dos alunos e suas dificuldades.
Fazendo este diagnóstico, o professor tem como se guiar no seu trabalho. O ciclo de Formação é comprometido com a aprendizagem do aluno, por isso não há reprovação. Todos os alunos se desenvolvem durante o ano.

QUANDO A ESCOLA É DE VIDRO

                                                                    Trecho do livro de Ruth Rocha

Eu ia a escola todos os dias de manhã e quando chegava, logo, logo, eu tinha que me meter no vidro. É, no vidro!
Cada menino ou menina tinha um vidro e o vidro não dependia do tamanho de cada um, não!
O vidro dependia da classe em que a gente estudava
Se você estava no primeiro ano, ganhava um vidro de um tamanho. Se você fosse do segundo ano, seu vidro era um pouquinho maior.
E assim, os vidros iam crescendo à medida que você ia passando de ano.
Se não passasse de ano era um horror. Você tinha que usar o mesmo vidro do ano passado.
Coubesse ou não coubesse.
Aliás nunca ninguém se preocupou em saber se a gente cabia nos vidros.
E para falar a verdade, ninguém cabia direito.
Uns eram gordos, outros eram muito grandes, uns eram pequenos e ficavam afundados no vidro, nem assim era confortável.
A gente não escutava direito o que os professores diziam, os professores não entendiam o que a gente falava, e a gente nem podia respirar direito...
A gente só podia respirar direito na hora do recreio ou na aula de educação física. Mas aí a gente já estava desesperado de tanto ficar preso e começava a correr, a gritar, a bater uns nos outros...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

PEDAGOGIA-SEMESTRE LETIVO 2010.1


AQUI SEU SONHO COMEÇA.
E VAI MUITO ALÉM DO QUE
VOCÊ PODE IMAGINAR!

                
BEM VINDOS!!!
SEMESTRE LETIVO 2010.1

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O prazer da leitura

Por: Rubem Alves 




















Alfabetizar é ensinar a ler. A palavra alfabetizar vem de “alfabeto“. “Alfabeto“ é o conjunto das letras de uma língua, colocadas numa certa ordem. É a mesma coisa que “abecedário“. A palavra “alfabeto“ é formada com as duas primeiras letras do alfabeto grego: “alfa“ e “beta“. E “abecedário“, com a junção das quatro primeiras letras do nosso alfabeto: “a“, “b“, “c“ e “d“. Assim sendo, pensei a possibilidade engraçada de que “abecedarizar“, palavra inexistente, pudesse ser sinônima de “alfabetizar“...
“Alfabetizar“, palavra aparentemente inocente, contém uma teoria de como se aprende a ler. Aprende-se a ler aprendendo-se as letras do alfabeto. Primeiro as letras. Depois, juntando-se as letras, as sílabas. Depois, juntando-se as sílabas, aparecem as palavras...
E assim era. Lembro-me da criançada repetindo em coro, sob a regência da professora: “be a ba; be e be; be i bi; be o bo; be u bu“... Estou olhando para um cartão postal, miniatura de um dos cartazes que antigamente se usavam como tema de redação: uma menina cacheada, deitada de bruços sobre um divã, queixo apoiado na mão, tendo à sua frente um livro aberto onde se vê “fa“, “fe“, “fi“, “fo“, “fu“... (Centro de Referência do Professor, Centro de Memória, Praça da Liberdade, Belo Horizonte, MG.)
Se é assim que se ensina a ler, ensinando as letras, imagino que o ensino da música deveria se chamar “dorremizar“: aprender o dó, o ré, o mi... Juntam-se as notas e a música aparece! Posso imaginar, então, uma aula de iniciação musical em que os alunos ficassem repetindo as notas, sob a regência da professora, na esperança de que, da repetição das notas, a música aparecesse...
Todo mundo sabe que não é assim que se ensina música. A mãe pega o nenezinho e o embala, cantando uma canção de ninar. E o nenezinho entende a canção. O que o nenezinho ouve é a música, e não cada nota, separadamente! E a evidência da sua compreensão está no fato de que ele se tranquiliza e dorme – mesmo nada sabendo sobre notas! Eu aprendi a gostar de música clássica muito antes de saber as notas: minha mãe as tocava ao piano e elas ficaram gravadas na minha cabeça. Somente depois, já fascinado pela música, fui aprender as notas – porque queria tocar piano. A aprendizagem da música começa como percepção de uma totalidade – e nunca com o conhecimento das partes.
Isso é verdadeiro também sobre aprender a ler. Tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a estória. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. “Erotizada“ – sim, erotizada! – pelas delícias da leitura ouvida, a criança se volta para aqueles sinais misteriosos chamados letras. Deseja decifrá-los, compreendê-los – porque eles são a chave que abre o mundo das delícias que moram no livro! Deseja autonomia: ser capaz de chegar ao prazer do texto sem precisar da mediação da pessoa que o está lendo.
No primeiro momento as delícias do texto se encontram na fala do professor. Usando uma sugestão de Melanie Klein, o professor, no ato de ler para os seus alunos, é o “seio bom“, o mediador que liga o aluno ao prazer do texto. Confesso nunca ter tido prazer algum em aulas de gramática ou de análise sintática. Não foi nelas que aprendi as delícias da literatura. Mas me lembro com alegria das aulas de leitura. Na verdade, não eram aulas. Eram concertos. A professor lia, interpretava o texto, e nós ouvíamos extasiados. Ninguém falava. Antes de ler Monteiro Lobato, eu o ouvi. E o bom era que não havia provas sobre aquelas aulas. Era prazer puro. Existe uma incompatibilidade total entre a experiência prazerosa de leitura – experiência vagabunda! – e a experiência de ler a fim de responder questionários de interpretação e compreensão. Era sempre uma tristeza quando a professora fechava o livro...
Vejo, assim, a cena original: a mãe ou o pai, livro aberto, lendo para o filho... Essa experiência é o aperitivo que ficará para sempre guardado na memória afetiva da criança. Na ausência da mãe ou do pai a criança olhará para o livro com desejo e inveja. Desejo, porque ela quer experimentar as delícias que estão contidas nas palavras. E inveja, porque ela gostaria de ter o saber do pai e da mãe: eles são aqueles que têm a chave que abre as portas daquele mundo maravilhoso! Roland Barthes faz uso de uma linda metáfora poética para descrever o que ele desejava fazer, como professor: maternagem: continuar a fazer aquilo que a mãe faz. É isso mesmo: na escola, o professor deverá continuar o processo de leitura afetuosa. Ele lê: a criança ouve, extasiada! Seduzida, ela pedirá: “Por favor, me ensine! Eu quero poder entrar no livro por conta própria...“
Toda aprendizagem começa com um pedido. Se não houver o pedido, a aprendizagem não acontecerá. Há aquele velho ditado: “É fácil levar a égua até o meio do ribeirão. O difícil é convencer a égua a beber“. Traduzido pela Adélia Prado: “Não quero faca nem queijo. Quero é fome“. Metáfora para o professor: cozinheiro, Babette, que serve o aperitivo para que a criança tenha fome e deseje comer o texto...
Onde se encontra o prazer do texto? Onde se encontra o seu poder de seduzir? Tive a resposta para essa questão acidentalmente, sem que a tivesse procurado. Ele me disse que havia lido um lindo poema de Fernando Pessoa, e citou a primeira frase. Fiquei feliz porque eu também amava aquele poema. Aí ele começou a lê-lo. Estremeci. O poema – aquele poema que eu amava – estava horrível na sua leitura. As palavras que ele lia eram as palavras certas. Mas alguma coisa estava errada! A música estava errada! Todo texto tem dois elementos: as palavras, com o seu significado. E a música... Percebi, então, que todo texto literário se assemelha à música. Uma sonata de Mozart, por exemplo. A sua “letra“ está gravada no papel: as notas. Mas assim, escrita no papel, a sonata não existe como experiência estética. Está morta. É preciso que um intérprete dê vida às notas mortas. Martha Argerich, pianista suprema (sua interpretação do concerto n. 3 de Rachmaninoff me convenceu da superioridade das mulheres...) as toca: seus dedos deslizam leves, rápidos, vigorosos, vagarosos, suaves, nenhum deslize, nenhum tropeção: estamos possuídos pela beleza. A mesma partitura, as mesmas notas, nas mãos de um pianeiro: o toque é duro, sem leveza, tropeções, hesitações, esbarros, erros: é o horror, o desejo que o fim chegue logo.
Todo texto literário é uma partitura musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domina a técnica, se ele surfa sobre as palavras, se ele está possuído pelo texto – a beleza acontece. E o texto se apossa do corpo de quem ouve. Mas se aquele que lê não domina a técnica, se ele luta com as palavras, se ele não desliza sobre elas – a leitura não produz prazer: queremos que ela termine logo. Assim, quem ensina a ler, isto é, aquele que lê para que seus alunos tenham prazer no texto, tem de ser um artista. Só deveria ler aquele que está possuído pelo texto que lê. Por isso eu acho que deveria ser estabelecida em nossas escolas a prática de “concertos de leitura“. Se há concertos de música erudita, jazz e MPB – por que não concertos de leitura? Ouvindo, os alunos experimentarão os prazeres do ler. E acontecerá com a leitura o mesmo que acontece com a música: depois de ser picado pela sua beleza é impossível esquecer. Leitura é droga perigosa: vicia... Se os jovens não gostam de ler, a culpa não é deles. Foram forçados a aprender tantas coisas sobre os textos - gramática, usos da partícula “se“, dígrafos, encontros consonantais, análise sintática –que não houve tempo para serem iniciados na única coisa que importa: a beleza musical do texto literário: foi-lhes ensinada a anatomia morta do texto e não a sua erótica viva. Ler é fazer amor com as palavras. E essa transa literária se inicia antes que as crianças saibam os nomes das letras. Sem saber ler elas já são sensíveis à beleza. E a missão do professor? Mestre do kama-sutra da leitura...
APERITIVOS
1. “Analfabeta não é a pessoa que não sabe ler. É a pessoa que, sabendo ler, não gosta de ler.“ (Quem foi que disse isso? Acho que foi o Mário Quintana).
2. A menininha de 9 anos me explicou como as crianças na sua escola aprendiam a ler: “Aqui na Escola da Ponte não aprendemos letras e silabas. Só aprendemos totalidades...“
3. Os compositores colocam em suas partituras indicações para orientar o intérprete: lento, presto, adagio, alegretto, forte, piano, ralentando. Os escritores deveriam fazer o mesmo com seus textos. Há textos que devem ser lidos lentamente, expressivamente, tristemente. Outros que exigem leveza, rapidez, riso. O leitor experiente não precisa dessas indicações. Mas elas poderiam ajudar os principiantes.
4. “Mais valem dois marimbondos voando que um na mão“ (Almanak do Aluá).
5. Graciliano Ramos relata que, quando menino, na escola lhe ensinaram um ditado: “Fale pouco e bem e ter-te-ão por alguém“. Ele repetia o ditado mas ficava com uma dúvida: “Quem será esse ‘Tertião’?“
(Correio Popular, Caderno C, 19/07/2001.)
VEJA AS SUGESTÕES DE LEITURA(NACIONAL/ESTRANGEIRA) QUE ESTÃO NESTE BLOG, QUE VÃO DÁ FICÇÃO A BELOS ROMANCES, PASSANDO POR MEMÓRIAS E CONTOS.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Minha Bahia, minha Terra, minha Gente.

O verão para o povo baiano é a estação do ano mais aguardada e festejada, uma garantia de alto astral junto a esse povo faceiro, resultado da fusão de brancos, indígenas e afro-americanos. Isso é verdade, pois os festejos populares se sucedem, concentrados no Verão, mas se estendendo por todo o ano, incluindo as festas juninas. As manifestações folclóricas, de diversas origens, encantam baianos e turistas, com exibições ao ar livre e em casas noturnas, de capoeira, maculelê e samba-de-roda.
Toda a fé do baiano se manifesta no ciclo de festas populares, desde as comemorações dos orixás do candomblé - quando todos os "terreiros" da cidade da capital e do interior do estado, batem seus tambores para seus filhos-de-santo dançarem - até as festas da religião católica, que ganham um cunho profano com muito samba-de-roda e barracas padronizadas que servem bebidas e comidas variadas. Em paralelo, as bandas de axé music, de pagode, cantores e cantoras de blocos carnavalescos realizam, quase todos os dias, shows nos mais diversos espaços projetos ou adaptados para turistas e nativos se deliciarem ao som dos ritmos que mexem com o corpo, a sensualidade e o imiginário.
No ciclo de festas populares, o ano já começa com a procissão marítima do Nosso Senhor Bom Jesus dos Navegantes, na qual centenas de embarcações de todos os tipos singram a Baía de Todos os Santos levando a imagem do Bom Jesus da igreja da Conceição da Praia para a capela da Boa Viagem, num belíssimo cortejo de fé.
Depois, vem uma seqüência de festejos, entre os quais destaca-se a Lavagem do Bonfim, uma quilométrica procissão, com todos vestidos de branco, entre a igreja da Conceição e a do Bonfim, no alto da Colina Sagrada. Fazendo jus à máxima de que "quem tem fé vai à pé", a cada ano cerca de 800 mil pessoas garantem a grandiosidade desse evento religioso. Ao chegarem, baianas vestidas tipicamente despejam seus vasos com água de cheiro no adro da igreja e sobre as cabeças dos fiéis, num ritual de fé e esperança.
É, também, destaque, por atrair milhares de fiéis de outras regiões do País, a Festa de Iemanjá, dia 2 de fevereiro, quando os adeptos do candomblé homenageiam a Rainha do Mar, simbolizada numa sereia. A festa acontece no bairro do Rio Vermelho, uma poderosa manifestação de fé na força da Mãe d'Água, que tem seu desdobramento profano nas barracas padronizadas, onde a crença se transforma em samba.
Vale a pena deixar ali uma oferenda para Iemanjá, acompanhada de um pedido.
Existe uma composição baiana de Jauperi - Pierre Onasis, chamada CANTO AO PESCADOR que diz o seguinte:
Jogou sua rede
Oh, pescador!
Se encantou com a beleza
Desse lindo mar
Dois de fevereiro
É dia de Iemanjá
Levo-te oferendas
Para lhe ofertar
E sem idolatria
Olodum seguirá
Como dizia Caymmi
Insigne o homem cantando a encantar
Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar meu bem querer
Sei que o mar da história é agitado
E o Olodum a onda que virá
Em forma de dilúvio vem me despertar, amor
Em forma de dilúvio vem exterminar
Com seqüelas racistas
E trazendo ideais de amor e paz
Oloxum, Inaê, Janaína
Mara, Mara, Mara, Marabô, Caiala
Sobá
Viaja, ê
Se baila
Me leva, Olodum, em tua onda
Que eu quero ir (viajar)
Olodum, navio negreiro
Atracou em Salvador
Trouxe a música emitindo ideais da negra cor
E hoje exalta o mar, condutor da embarcação
E hoje exalta o mar, condutor da embarcação
Viaja, ê
Se baila
Me leva, Olodum, em tua onda
Que eu quero ir (pro mar)
Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar meu bem querer
Se Deus quiser
Quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer
Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer

Mas do depois de saudar todos os santos e orixás da Bahia, é hora de dá a “volta no trio”, porque o grande clímax festivo da nossa gente é mesmo o Carnaval, um delírio de massas que já se estende por sete dias, desde a quarta-feira até a manhã da quarta-feira de Cinzas. A maior festa do mundo em participação popular, que toma diversas cidades, como seus foliões - fantasiados ou pulando como "pipoca" atrás dos trios independentes, ou vestidos nos abadás e becas de seus blocos preferidos.

 
Mas tudo acaba na quarta-feira de cinzas, onde começa a QUARESMA, ou melhor, o inicio da Semana Santa, onde são realizados os ritos de preparação da Páscoa para todos os povos.
Vale dizer, que para o baiano essa melancolia de que tudo perdeu seu brilho e sua cores dura pouco!
Lembre-se:
O verão vai de 21 de dezembro de 2009 a 21 de março de 2010.
O horário de verão 2009/2010, que começou no dia 18 de outubro de 2009, vai acabar na zero hora do terceiro domingo do mês de fevereiro de 2010, o dia 21 de fevereiro. Isso significa que da noite de sábado 20 de fevereiro para domingo 21 de fevereiro.