Esta formação espiritual marcou decisivamente a mente de Comenius e o inclinou a seguir a vocação teológica. Ao completar 12 anos ele viu sua família deixar a vida; órfão, conheceu a educação desprovida de afeto, a rigidez do sistema escolar, com a imagem terrível do professor despótico, as lições pretensamente dogmáticas, dotadas de uma verdade absoluta, as temidas palmatórias e a característica severidade. O garoto recebe, neste ambiente lúgubre, tão somente os rudimentos da arte de ler, escrever e contar.
Estes elementos compõem a infância e a juventude de Comenius, e é justamente a forma como eles marcam seu espírito que o levam a desenvolver os alicerces do que ele considera a Didática Moderna, sistematizada em sua obra principal Didática Magna. O escritor se converte, então, no primeiro educador ocidental a privilegiar a interação entre os pólos instrução/aprendizagem, do ponto de vista das distinções entre estes princípios. Sua teoria era, sem dúvida, inovadora para a época, o século XVII.
A fatalidade parecia perseguir este pensador; convertido, aos 26 anos, em pastor da Igreja que sempre freqüentou, passou a residir em Fulnek, capital moraviana. Nesta região, assolada pela Guerra dos Trinta Anos, ele contraiu matrimônio e teve filhos, mas novamente testemunhou seus familiares serem levados pela morte em uma epidemia que devastou a cidade, após a invasão da Espanha, em 1621. Além de tudo, Comenius também se viu despojado de seus livros e textos.
Segue para a Polônia em 1628, exilando-se dos assédios da intolerância religiosa. Aí o educador elabora panfletos de natureza religiosa, estimulando seus companheiros de fé. Sua popularidade se acentua e Comenius conquista seguidores de suas ideias na Inglaterra; na Suécia ele trava contato com o filósofo René Descartes.
Sua educação foi consumada na Universidade Calvinista de Herbron, na Alemanha, onde ele se graduou em Teologia e consolidou seus conhecimentos culturais; sua formação foi complementada na Universidade de Heidelberg. A metodologia didática do autor foi exposta em uma doutrina de teor filosófico denominada pansophia; os princípios contidos neste corpo doutrinário inspiraram as principais modificações na esfera da educação e o pensamento dos principais teóricos da história desta disciplina.
Seu sistema de ensino reafirma a igualdade de direito de todos os indivíduos no que tange ao acesso à esfera do conhecimento. Ele propõe a educação concreta e persistente; uma pedagogia veloz, econômica e sem esforço excessivo; a instrução com base na vivência cotidiana de cada um; o saber científico e artístico integral; o ensino congregado em um todo.
A atuação principal de Comenius se concentrou em Amsterdã, cidade na qual ele permaneceu até sua morte, precedida pela fama em todo o continente europeu; entre seus discípulos encontram-se Jean-Jacques Rousseau, John Locke e J. H. Pestalozzi. Em 1649 ele contrai novo matrimônio. O educador encontra a morte no dia 15 de novembro de 1670, combatendo até o final a intolerância. Ele foi sepultado em Naarden, e em seu sepulcro foi erguido um mausoléu. Seus ideais permitiram o surgimento, 300 anos depois, de um órgão como a UNESCO.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comenius
http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_2391.html
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