quinta-feira, 15 de abril de 2010

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
























Introdução
Até pouco tempo atrás o sucesso de uma pessoa era avaliado pelo raciocínio lógico e habilidades matemáticas e espaciais (QI). Mas o psicólogo Daniel Goleman, PhD, com seu livro "Inteligência Emocional" retoma uma nova discussão sobre o assunto. Ele traz o conceito da inteligência emocional como maior responsável pelo sucesso ou insucesso das pessoas. A maioria da situações de trabalho é envolvida por relacionamentos entre as pessoas. Desta forma pessoas com qualidades de relacionamento humano, como afabilidade, compreensão, gentileza têm mais chances de obter o sucesso.
O que é Inteligência Emocional?
A Inteligência Emocional está relacionada a habilidades tais como motivar a si mesmo e persistir mediante frustações; controlar impulsos, canalizando emoções para situações apropriadas; praticar gratificação prorrogada; motivar pessoas, ajudando-as a liberarem seus melhores talentos, e conseguir seu engajamento a objetivos de interesses comuns. (Gilberto Vitor)
Daniel Goleman, em seu livro, mapeia a Inteligência Emocional em cinco áreas de habilidades:
1. Auto-Conhecimento Emocional - reconhecer um sentimento enquanto ele ocorre.
2. Controle Emocional - habilidade de lidar com seus próprios sentimentos, adequando-os para a situação.
3. Auto-Motivação - dirigir emoções a serviço de um objetivo é essencial para manter-se caminhando sempre em busca.
4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas.
5. Habilidade em relacionamentos inter-pessoais.
As três primeiras acima referem-se a Inteligência Intra-Pessoal. As duas últimas, a Inteligência Inter-Pessoal.
Inteligência Inter-Pessoal: é a habilidade de entender outras pessoas: o que as motiva, como trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas.
1. Organização de Grupos: é a habilidade essencial da liderança, que envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo, habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança, a cooperação espontânea.
2. Negociação de Soluções: o papel do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos.
3. Empatia - Sintonia Pessoal: é a capacidade de, identificando e entendendo os desejos e sentimentos das pessoas, responder (reagir) de forma apropriada de forma a canalizá-los ao interesse comum.
4. Sensibilidade Social: é a capacidade de detectar e identificar sentimentos e motivos das pessoas.
Inteligência Intra-Pessoal: é a mesma habilidade, só que voltada para si mesmo. É a capacidade de formar um modelo verdadeiro e preciso de si mesmo e usá-lo de forma efetiva e construtiva.
Os tipos de inteligência
O psicólogo Howard Gardner da Universidade de Harward, nos Estados Unidos, propõe “uma visão pluralista da mente” ampliando o conceito de inteligência única para o de um feixe de capacidades. Para ele, inteligência é a capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos valorizados em um ambiente cultural ou comunitário. Assim, ele propõe uma nova visão da inteligência, dividindo-a em 7 diferentes competências que se interpenetram, pois sempre envolvemos mais de uma habilidade na solução de problemas.
Embora existam predominâncias, as inteligências se integram:
• Inteligência Verbal ou Lingüística: habilidade para lidar criativamente com as palavras.
• Inteligência Lógico-Matemática: capacidade para solucionar problemas envolvendo números e demais elementos matemáticos; habilidades para raciocínio dedutivo.
• Inteligência Cinestésica Corporal: capacidade de usar o próprio corpo de maneiras diferentes e hábeis.
• Inteligência Espacial: noção de espaço e direção.
• Inteligência Musical: capacidade de organizar sons de maneira criativa.
• Inteligência Interpessoal: habilidade de compreender os outros; a maneira de como aceitar e conviver com o outro.
• Inteligência Intrapessoal: capacidade de relacionamento consigo mesmo, autoconhecimento. Habilidade de administrar seus sentimentos e emoções a favor de seus projetos. É a inteligência da auto-estima.
Segundo Gardner, todos nascem com o potencial das várias inteligências. A partir das relações com o ambiente, aspectos culturais, algumas são mais desenvolvidas ao passo que deixamos de aprimorar outras.
Nos anos 90, Daniel Goleman, também psicólogo da Universidade de Harward, afirma que ninguém tem menos que 9 inteligências. Além das 7 citadas por Gardner, Goleman acrescenta mais duas:
• Inteligência Pictográfica: habilidade que a pessoa tem de transmitir uma mensagem pelo desenho que faz.
• Inteligência Naturalista: capacidade de uma pessoa em sentir-se um componente natural.
Importância das Emoções
Sobrevivência: Nossas emoções foram desenvolvidas naturalmente através de milhões de anos de evolução. Como resultado, nossas emoções possuem o potencial de nos servir como um sofisticado e delicado sistema interno de orientação. Nossas emoções nos alertam quando as necessidades humanas naturais não são encontradas. Por exemplo, quando nos sentimos sós, nossa necessidade é encontrar outras pessoas.Quando nos sentimos receosos, nossa necessidade é por segurança. Quando nos sentimos rejeitados, nossa necessidade é por aceitação.
Tomadas de Decisão: Nossas emoções são uma fonte valiosa da informação. Nossas emoções nos ajudam a tomar decisões. Os estudos mostram que quando as conexões emocionais de uma pessoa estão danificadas no cérebro, ela não pode tomar nem mesmo as decisões simples. Por que? Porque não sentirá nada sobre suas escolhas.
Ajuste de limites: Quando nos sentimos incomodados com o comportamento de uma pessoa, nossas emoções nos alertam. Se nós aprendermos a confiar em nossas emoções e sensações isto nos ajudará a ajustar nossos limites que são necessários para proteger nossa saúde física e mental.
Comunicação: Nossas emoções ajudam-nos a comunicar com os outros. Nossas expressões faciais, por exemplo, podem demonstrar uma grande quantidade de emoções. Com o olhar, podemos sinalizar que precisamos de ajuda. Se formos também verbalmente hábeis, juntamente com nossas expressões teremos uma possibilidade maior de melhor expressar nossas emoções. Também é necessário que nós sejamos eficazes para escutar e entender os problemas dos outros.
União: Nossas emoções são talvez a maior fonte potencial capaz de unir todos os membros da espécie humana. Claramente, as diferenças religiosas, cultural e política não permitem isto, apesar dar emoções serem "universais".

sábado, 10 de abril de 2010

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE(TDAH)

TDAH
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico TDAH.

Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.

*TDAH é a condição crônica de saúde de maior prevalência em crianças em idade escolar;
*TDAH é o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância;estima-se que 4 a 6% da população em idade escolar pode ter TDAH;
*aproximadamente 2% dos adultos podem sofrer de TDAH;
Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os principais sintomas são:
1.DESATENÇÃO:
-dificuldade em prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares e profissionais;
-dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
-parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra;
-não seguir instruções e não terminar tarefas escolares, domésticas ou deveres profissionais;
-dificuldade em organizar tarefas e atividades;
-evitar, ou relutar, em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante;
-perder coisas necessárias para atividades ou tarefas;
-ser facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa;
-apresentar esquecimento em atividades diárias;
2.HIPERATIVIDADE:
-agitar as mãos, pés ou se mexer na cadeira;
-abandonar a cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;
-correr ou escalar em demasia em situações nas quais é inapropriado;
-dificuldade em brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades de lazer;
-estar freqüentemente “a mil” ou muitas vezes agir como se estivesse “a todo vapor”;
-falar em demasia;
3.IMPULSIVIDADE:
-frequentemente dar respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas;
-apresentar constante dificuldade em esperar sua vez;
-frequentemente interromper ou se meter em assuntos de outros;
TIPOS DE TDAH
-com predomínio de sintomas de desatenção (prejuízo acadêmico);
-com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade (rejeição e impopularidade);
-combinado (prejuízo acadêmico e sintomas de conduta, de oposição e desafio);
DIAGNÓSTICO DE TDAH
-pelo menos 6 dos sintomas de desatenção e/ou hiperatividade devem estar presentes;
-é importante considerar a duração dos sintomas e a intensidade dos mesmos;
-considerar o grau de prejuízos dos sintomas;
-a avaliação diagnóstica deve envolver os pais, a criança e a escola (professores);
CONSEQUÊNCIAS DO TDAH
-baixo desempenho escolar;
-dificuldades de relacionamento;
-baixa auto-estima;
-interferência no desenvolvimento educacional e social;
-predisposição a distúrbios psiquiátricos;
Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.
Até recentemente, acreditava-se que os sintomas do TDAH desapareciam na adolescência. Sabe-se, agora, que muitos sintomas acompanham o crescimento, e 30% a 70% dos portadores podem ter dificuldades emocionais, profissionais e em seus relacionamentos sociais e afetivos na idade adulta.
O TDAH é com freqüência apresentado, erroneamente, como um tipo específico de problema de aprendizagem. Não é. Individuos com TDAH não são incapazes de aprender, mas têm dificuldade na escola por causa da falta de organização, de atenção e da impulsividade.
Por não terem limite e noção do momento certo para parar, acabam fazendo palhaçadas, falando impulsivamente etc.. passando- se por incômodas e inconvenientes.
Portanto, o diagnóstico deve ser feito de forma criteriosa e cuidadosa por profissional especializado, com informações colhidas junto aos pais e professores e também através da observação clínica da criança.
A avaliação eficaz para o diagnóstico TDAH deve passar obrigatoriamente por uma Equipe Interdisciplinar abrangendo as seguintes áreas Psicopedagogia (Pedagogia), Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, embasadas em avaliações neurológicas / psiquiátricas

sexta-feira, 9 de abril de 2010

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

A área da educação nem sempre é cercada somente por sucessos e aprovações. Muitas vezes, no decorrer do ensino, nos deparamos com problemas que deixam os alunos paralisados diante do processo de aprendizagem, assim são rotulados pela própria família, professores e colegas.
É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam atentos a essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se persistem há algum tempo.
As dificuldades podem advir de fatores orgânicos ou mesmo emocionais e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do processo educativo, percebendo se estão associadas à preguiça, cansaço, sono, tristeza, agitação, desordem, dentre outros, considerados fatores que também desmotivam o aprendizado.
A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande repercussão na atualidade é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a outros sérios problemas: disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
O aluno com dificuldade de aprendizagem sente-se rejeitado pelos colegas
- Dislexia: é a dificuldade que aparece na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz trocas ou omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de linhas ao ler um texto, etc. Estudiosos afirmam que sua causa vem de fatores genéticos, mas nada foi comprovado pela medicina.
- Disgrafia: normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz trocas e inversões de letras conseqüentemente encontra dificuldade na escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras muito próximas e desorganização ao produzir um texto.
- Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números, de um modo geral os portadores não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-los, não entendem enunciados de problemas, não conseguem quantificar ou fazer comparações, não entendem seqüências lógicas e outros. Esse problema é um dos mais sérios, porém ainda pouco conhecido.
- Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala, apresenta pronúncia inadequada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusas. Manifesta-se mais em pessoas com problemas no palato, flacidez na língua ou lábio leporino.
- Disortografia: é a dificuldade na linguagem escrita e também pode aparecer como conseqüência da dislexia. Suas principais características são: troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de pontuação e acentuação.
- TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema de ordem neurológica, que trás consigo sinais evidentes de inquietude, desatenção, falta de concentração e impulsividade. Hoje em dia é muito comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção), porque apresentam alguma agitação, nervosismo e inquietação, fatores que podem advir de causas emocionais. É importante que esse diagnóstico seja feito por um médico e outros profissionais capacitados.
Professores podem ser os mais importantes no processo de identificação e descoberta desses problemas, porém não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos. O papel do professor se restringe em observar o aluno e auxiliar o seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais motivadas e dinâmicas, não rotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade de descobrir suas potencialidades.
Por: Jussara de Barros

A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações para Educação

Autora: Maria Clara S. Salgado Gama
No início do século XX, as autoridades francesas solicitaram a Alfredo Binet que criasse um instrumento pelo qual se pudesse prever quais as crianças que teriam sucesso nos liceus parisenses. O instrumento criado por Binet testava a habilidade das crianças nas áreas verbal e lógica, já que os currículos acadêmicos dos liceus enfatizavam, sobretudo o desenvolvimento da linguagem e da matemática. Este instrumento deu origem ao primeiro teste de inteligência, desenvolvido por Terman, na Universidade de Standford, na Califórnia: o Standford-Binet Intelligence Scale.
Subseqüentes testes de inteligência e a comunidade de psicometria tiveram enorme influência, durante este século, sobre a idéia que se tem de inteligência, embora o próprio Binet (Binet & Simon, 1905 Apud Kornhaber & Gardner, 1989) tenha declarado que um único número, derivado da performance de uma criança em um teste, não poderia retratar uma questão tão complexa quanto a inteligência humana. Neste artigo, pretendo apresentar uma visão de inteligência que aprecia os processos mentais e o potencial humano a partir do desempenho das pessoas em diferentes campos do saber.
As pesquisas mais recentes em desenvolvimento cognitivo e neuropsicologia sugerem que as habilidades cognitivas são bem mais diferenciadas e mais espcíficas do que se acreditava (Gardner, I985). Neurologistas têm documentado que o sistema nervoso humano não é um órgão com propósito único nem tão pouco é infinitamente plástico. Acredita-se, hoje, que o sistema nervoso seja altamente diferenciado e que diferentes centros neurais processem diferentes tipos de informação ( Gardner, 1987).
Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Hervard, baseou-se nestas pesquisas para questionar a tradicional visão da inteligência, uma visão que enfatiza as habilidades lingüística e lógico-matemética. Segundo Gardner, todos os indivíduos normais são capazes de uma atuação em pelo menos sete diferentes e, até certo ponto, independentes áreas intelectuais. Ele sugere que não existem habilidades gerais, duvida da possibilidade de se medir a inteligência através de testes de papel e lápis e dá grande importância a diferentes atuações valorizadas em culturas diversas. Finalmente, ele define inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais.
A teoria
A Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) é uma alternativa para o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que permite aos indivíduos uma performance, maior ou menor, em qualquer área de atuação. Sua insatisfação com a idéia de QI e com visões unitárias de inteligência, que focalizam sobretudo as habilidades importantes para o sucesso escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver problemas. Através da avaliação das atuações de diferentes profissionais em diversas culturas, e do repertório de habilidades dos seres humanos na busca de soluções, culturalmente apropriadas, para os seus problemas, Gardner trabalhou no sentido inverso ao desenvolvimento, retroagindo para eventualmente chegar às inteligências que deram origem a tais realizações. Na sua pesquisa, Gardner estudou também:
( a) o desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e crianças superdotadas; (b) adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade de sua produção intelectual, mas sim uma ou algumas habilidades, sem que outras habilidades sejam sequer atingidas; (c ) populações ditas excepcionais, tais como idiot-savants e autistas, e como os primeiros podem dispor de apenas uma competência, sendo bastante incapazes nas demais funções cerebrais, enquanto as crianças autistas apresentam ausências nas suas habilidades intelectuais; (d) como se deu o desenvolvimento cognitivo através dos milênios.
Psicólogo construtivista muito influenciado por Piaget, Gardner distingue-se de seu colega de Genebra na medida em que Piaget acreditava que todos os aspectos da simbolização partem de uma mesma função semiótica, enquanto que ele acredita que processos psicológicos independentes são empregados quando o indivíduo lida com símbolos lingüisticos, numéricos gestuais ou outros. Segundo Gardner uma criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o que Piaget chamaria de pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média em outra (o equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor). Gardner descreve o desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e expressar significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural, e sugere que não há uma ligação necessária entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento em uma área de desempenho e capacidades ou estágios em outras áreas ou domínios (Malkus e col., 1988). Num plano de análise psicológico, afirma Gardner (1982), cada área ou domínio tem seu sistema simbólico próprio; num plano sociológico de estudo, cada domínio se caracteriza pelo desenvolvimento de competências valorizadas em culturas específicas.
Gardner sugere, ainda, que as habilidades humanas não são organizadas de forma horizontal; ele propõe que se pense nessas habilidades como organizadas verticalmente, e que, ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a memória, talvez existam formas independentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área ou domínio, com possíveis semelhanças entre as áreas, mas não necessariamente uma relação direta.
As inteligências múltiplas
Gardner identificou as inteligências lingúística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Postula que essas competências intelectuais são relativamente independentes, têm sua origem e limites genéticos próprios e substratos neuroanatômicos específicos e dispõem de processos cognitivos próprios. Segundo ele, os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. Gardner ressalta que, embora estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente. Embora algumas ocupações exemplifiquem uma inteligência, na maioria dos casos as ocupações ilustram bem a necessidade de uma combinação de inteligências. Por exemplo, um cirurgião necessita da acuidade da inteligência espacial combinada com a destreza da cinestésica.
Inteligência lingüística - Os componentes centrais da inteligência lingüistica são uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir idéias. Gardner indica que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas. Em crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas.
Inteligência musical - Esta inteligência se manifesta através de uma habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. A criança pequena com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu ambiente e, freqüentemente, canta para si mesma.
Inteligência lógico-matemática - Os componentes centrais desta inteligência são descritos por Gardner como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas Gardner, porém, explica que, embora o talento cientifico e o talento matemático possam estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos que movem as ações dos cientistas e dos matemáticos não são os mesmos. Enquanto os matemáticos desejam criar um mundo abstrato consistente, os cientistas pretendem explicar a natureza. A criança com especial aptidão nesta inteligência demonstra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu raciocínio.
Inteligência espacial - Gardner descreve a inteligência espacial como a capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em crianças pequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido através da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes visuais.
Inteligência cinestésica - Esta inteligência se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica se move com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou verbais demonstra uma grande habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada.
Inteligência interpessoal - Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. Ela é melhor apreciada na observação de psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos. Na sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos de outros.
Inteligência intrapessoal - Esta inteligência é o correlativo interno da inteligência interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e idéias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de manifestações lingüisticas, musicais ou cinestésicas.
O desenvolvimento das inteligências
Na sua teoria, Gardner propõe que todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade de questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Todos os indivíduos possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as inteligências. A linha de desenvolvimento de cada inteligência, no entanto, será determinada tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto por condições ambientais. Ele propõe, ainda, que cada uma destas inteligências tem sua forma própria de pensamento, ou de processamento de informações, além de seu sitema simbólico. Estes sistemas simbólicos estabelecem o contato entre os aspectos básicos da cognição e a variedade de papéis e funções culturais.
A noção de cultura é básica para a Teoria das Inteligências Múltiplas. Com a sua definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que são significativos em um ou mais ambientes culturais, Gardner sugere que alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. Ele afirma que cada cultura valoriza certos talentos, que devem ser dominados por uma quantidade de indivíduos e, depois, passados para a geração seguinte.
Segundo Gardner, cada domínio, ou inteligência, pode ser visto em termos de uma seqüência de estágios: enquanto todos os indivíduos normais possuem os estágios mais básicos em todas as inteligências, os estágios mais sofisticados dependem de maior trabalho ou aprendizado.
A seqüência de estágios se inicia com o que Gardner chama de habilidade de padrão cru. O aparecimento da competência simbólica é visto em bebês quando eles começam a perceber o mundo ao seu redor. Nesta fase, os bebês apresentam capacidade de processar diferentes informações. Eles já possuem, no entanto, o potencial para desenvolver sistemas de símbolos, ou simbólicos.
O segundo estágio, de simbolizações básicas, ocorre aproximadamente dos dois aos cinco anos de idade. Neste estágio as inteligências se revelam através dos sistemas simbólicos. Aqui, a criança demonstra sua habilidade em cada inteligência através da compreensão e uso de símbolos: a música através de sons, a linguagem através de conversas ou histórias, a inteligência espacial através de desenhos etc.
No estágio seguinte, a criança, depois de ter adquirido alguma competência no uso das simbolizacões básicas, prossegue para adquirir níveis mais altos de destreza em domínios valorizados em sua cultura. À medida que as crianças progridem na sua compreensão dos sistemas simbólicos, elas aprendem os sistemas que Gardner chama de sistemas de segunda ordem, ou seja, a grafia dos sistemas (a escrita, os símbolos matemáticos, a música escrita etc.). Nesta fase, os vários aspectos da cultura têm impacto considerável sobre o desenvolvimento da criança, uma vez que ela aprimorará os sistemas simbólicos que demonstrem ter maior eficácia no desempenho de atividades valorizadas pelo grupo cultural. Assim, uma cultura que valoriza a música terá um maior número de pessoas que atingirão uma produção musical de alto nível.
Finalmente, durante a adolescência e a idade adulta, as inteligências se revelam através de ocupações vocacionais ou não-vocacionais. Nesta fase, o indivíduo adota um campo específico e focalizado, e se realiza em papéis que são significativos em sua cultura.
Teoria das inteligências múltiplas e a educação
As implicações da teoria de Gardner para a educação são claras quando se analisa a importância dada às diversas formas de pensamento, aos estágios de desenvolvimento das várias inteligências e à relação existente entre estes estágios, a aquisição de conhecimento e a cultura.
A teoria de Gardner apresenta alternativas para algumas práticas educacionais atuais, oferecendo uma base para:
( a) o desenvolvimento de avaliações que sejam adequadas às diversas habilidades humanas (Gardner & Hatch, 1989; Blythe Gardner, 1 990) (b) uma educação centrada na criança c com currículos específicos para cada área do saber (Konhaber & Gardner, 1989); Blythe & Gardner, 1390) (c) um ambiente educacional mais amplo e variado, e que dependa menos do desenvolvimento exclusivo da linguagem e da lógica (Walters & Gardner, 1985; Blythe & Gardner, 1990)
Quanto à avaliação, Gardner faz uma distinção entre avaliação e testagem. A avaliação, segundo ele, favorece métodos de levantamento de informações durante atividades do dia-a-dia, enquanto que testagens geralmente acontecem fora do ambiente conhecido do indivíduo sendo testado. Segundo Gardner, é importante que se tire o maior proveito das habilidades individuais, auxiliando os estudantes a desenvolver suas capacidades intelectuais, e, para tanto, ao invés de usar a avaliação apenas como uma maneira de classificar, aprovar ou reprovar os alunos, esta deve ser usada para informar o aluno sobre a sua capacidade e informar o professor sobre o quanto está sendo aprendido.
Gardner sugere que a avaliação deve fazer jus à inteligência, isto é, deve dar crédito ao conteúdo da inteligência em teste. Se cada inteligência tem um certo número de processos específicos, esses processos têm que ser medidos com instrumento que permitam ver a inteligência em questão em funcionamento. Para Gardner, a avaliação deve ser ainda ecologicamente válida, isto é, ela deve ser feita em ambientes conhecidos e deve utilizar materiais conhecidos das crianças sendo avaliadas. Este autor também enfatiza a necessidade de avaliar as diferentes inteligências em termos de suas manifestações culturais e ocupações adultas específicas. Assim, a habilidade verbal, mesmo na pré-escola, ao invés de ser medida através de testes de vocabulário, definições ou semelhanças, deve ser avaliada em manifestações tais como a habilidade para contar histórias ou relatar acontecimentos. Ao invés de tentar avaliar a habilidade espacial isoladamente, deve-se observar as crianças durante uma atividade de desenho ou enquanto montam ou desmontam objetos. Finalmente, ele propõe a avaliação, ao invés de ser um produto do processo educativo, seja parte do processo educativo, e do currículo, informando a todo momento de que maneira o currículo deve se desenvolver.
No que se refere à educação centrada na criança, Gardner levanta dois pontos importantes que sugerem a necessidade da individualização. O primeiro diz respeito ao fato de que, se os indivíduos têm perfis cognitivos tão diferentes uns dos outros, as escolas deveriam, ao invés de oferecer uma educação padronizada, tentar garantir que cada um recebesse a educação que favorecesse o seu potencial individual. O segundo ponto levantado por Gardner é igualmente importante: enquanto na Idade Média um indivíduo podia pretender tomar posse de todo o saber universal, hoje em dia essa tarefa é totalmente impossível, sendo mesmo bastante difícil o domínio de um só campo do saber.
Assim, se há a necessidade de se limitar a ênfase e a variedade de conteúdos, que essa limitação seja da escolha de cada um, favorecendo o perfil intelectual individual.
Quanto ao ambiente educacional, Gardner chama a atenção pare o fato de que, embora as escolas declarem que preparam seus alunos pare a vida, a vida certamente não se limita apenas a raciocínios verbais e lógicos. Ele propõe que as escolas favoreçam o conhecimento de diversas disciplinas básicas; que encoragem seus alunos a utilizar esse conhecimento para resolver problemas e efetuar tarefas que estejam relacionadas com a vida na comunidade a que pertencem; e que favoreçam o desenvolvimento de combinações intelectuais individuais, a partir da avaliação regular do potencial de cada um.
Referências Bibliográficas
1. Blythe, T.; Gardner, H. A school for all intelligences. Educational Leadership, v.47, n.7, p.33-7, 1990.
2. Gardner, H.; Giftedness: speculation from a biological perspective. In: Feldman, D.H. Developmental approaches to giftedness and creativity. São Francisco, 1982. p.47-60.
3. Gardner, H.Frames of mind. New York, Basic Books Inc., 1985.
4. Gardner, H. The mind's new science. New York, Basic Books Inc., 1987.
5. Gardner. H.;Hatcb, T. Multiple intelligences go to school: educational implications of the theory of Multiple Intelligences. Educational Researcher, v.18, n.8. p.4-10, 1989.
6. Kornhaber, M.L.; Gardner, H. Critical thinking across multiple intelligences. Trabalho apresentado durante a Conferência "The Curriculum Redefined. Paris, 1989.
7. Malkus, U.C.; Feldman, D.H.; Gardner, H. Dimensions of mind in early childhood. In: Pelegrini, A. (ed.)The psychological bases for early education Chichester, Wilev. 1988, p.25-38.
8. Walter,J.M.; Gardner, H. The theory of multiple intelligences: some issues and answers. In: Stemberg, RJ.; Wagner, R.K. (ed.) Pratical intelligence: nature and origins of competence in the every world.. Cambridge. Cambridge University Press, p.163-82



quinta-feira, 8 de abril de 2010

Obrigado SENHOR !!!


Obrigado Senhor!


Obrigado Senhor pelos meus braços perfeitos...
Quando há tantos mutilados.
Pelos meus olhos perfeitos...
Quando há tantos cegos.
Pela minha voz que canta...
Quando tantas emudecem.
Pelas minhas mãos que trabalham...
Quando tantas mendigam.
É maravilhoso Senhor!
Ter um lar para voltar...
Quando há tantos que não tem onde ir.
Sorrir...quando há tantos que choram.
Amar...quando há tantos que odeiam.
Sonhar...quando há tantos que se revolvem em pesadelos.
Viver... quando há tantos que morrem antes de nascer.
É maravilhoso Senhor, ter tão pouco a pedir e tanto para agradecer...

TOCANDO EM FRENTE

Composição: Almir Sater e Renato Teixeira
Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia.
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
e no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

quarta-feira, 7 de abril de 2010

CHUVAS AUMENTAM RISCOS DE DOENÇAS

Além de causar prejuízos materiais e aumentar as chances de acidentes, as chuvas intensas e as enchentes, comuns nesta época do ano, expõem as pessoas a outros perigos, como contrair doenças. As autoridades alertam os moradores de áreas atingidas por chuvas fortes e inundações para que adotem alguns cuidados que podem prevenir problemas de saúde e evitar acidentes.
Para o coordenador de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Ricardo Marins, as doenças que mais preocupam as autoridades com a chegada das chuvas são a leptospirose, a hepatite viral A, a febre tifóide e as doenças diarréicas agudas. Todas elas têm origem no contato ou na ingestão da água e dos alimentos contaminados por animais transmissores, como os ratos, ou por vírus e bactérias. "A principal medida para impedir o contágio dessas doenças é evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que as crianças brinquem nessas águas", alerta Ricardo Marins.
Aos trabalhadores da limpeza urbana, que não podem evitar esse contato, recomenda-se sempre usar botas e luvas de borracha ou sacos plásticos duplos durante a limpeza da lama, nas residências ou nas ruas. Se houver inundação em casa, o chão, as paredes, os objetos caseiros e as roupas atingidas devem ser lavados com sabão e água sanitária. Outro produto útil para desinfetar e proteger o ambiente de possíveis doenças é o hipoclorito de sódio a 2,5%. Se houver contato dos alimentos com a água da enchente, recomenda-se jogá-los fora, em recipientes bem fechados.
Roedores - Das doenças relacionadas à contaminação pelas enchentes, a leptospirose oferece mais perigo, por provocar mortalidade maior. Em 2005, registraram-se 3.605 casos da doença no Brasil, com 417 mortes. Em 2006, já foram notificados 2.877 casos, com 236 mortes.
A leptospirose é causada pela bactéria leptospira, transmitida ao homem pela urina de ratos, ratazanas e camundongos. Após chuvas intensas, as águas invadem as tocas dos roedores e carregam as bactérias para as residências e as vias públicas. Geralmente os surtos da leptospirose começam uma semana após as enchentes. "Existe uma preocupação do governo federal em monitorar casos da leptospirose. Assim, procura-se reduzir o risco da ocorrência da doença", explica Ricardo Marins.
A leptospirose apresenta como sintomas febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (especialmente na panturrilha, conhecida como "batata" da perna), pele amarelada e calafrios, que surgem de sete a quinze dias após a infecção. Ao perceber os sintomas, deve-se procurar, o mais rapidamente possível uma unidade de saúde e informar ao medico a ocorrência do contato com água ou lama das enchentes.
A geografia constitui um fator agravante para disseminação da leptospirose e outras doenças ligadas à época de chuvas fortes. Por exemplo: cidades que apresentam muitos declives, como Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Recife, Vitória e Vila Velha (ES), tendem a ter enchentes mais freqüentes. Dessa forma, aumenta o risco de haver mais casos. "Os constantes problemas de drenagem de águas pluviais também pioram o problema", assinala Marins.
Salmonela - A febre tifóide é uma doença comum com a chegada das chuvas, causada pela presença da bactéria salmonela (com nome científico de Salmonella enterica sorotipo de Typhi) nas águas contaminadas.
A doença caracteriza-se por febre prolongada, alteração no funcionamento do intestino e aumento do fígado e do baço. Se não tratada inicialmente, pode se complicar com hemorragia ou até perfuração intestinal, o que pode levar à morte. No ano passado, o Brasil registrou 504 casos e quatro mortes em conseqüência da doença. De janeiro a outubro de 2006, houve registro de 326 casos de febre tifóide no país.
A incidência de casos de hepatite viral A também preocupa as autoridades em saúde em locais onde ocorrem inundações. A doença se manifesta inicialmente com sintomas semelhantes aos de uma gripe, como fraqueza e mal- estar, além de alterações gastrointestinais. Nos casos típicos, o paciente apresenta olhos e pele amarelados e urina escura. O período de incubação dos vírus da hepatite A dura de 15 a 45 dias.
Diarréias - Outro problema de saúde ligado à contaminação da água são as doenças diarréicas agudas. Essas doenças apresentam, como sintomas, vômito, diarréia e febre (mais comum nas crianças). A diarréia oferece o risco de desidratação. A perda excessiva de líquidos pode até mesmo levar a pessoa à morte. Recomendam-se, nesse caso, duas medidas: tomar muito líquido, utilizar o soro caseiro e procurar um profissional de saúde, evitando a automedicação.
Junto com todos os males à saúde relacionados às águas contaminadas, as doenças respiratórias, indiretamente, também têm ligação com a estação de chuvas fortes. Por conta da aglomeração de pessoas desabrigadas em ambientes com pouca circulação do ar e muitas vezes com reduzidas condições higiênicas, aumentam as chances de infecções respiratórias, como resfriado, gripe e pneumonia.
Nos casos de inundações, o Ministério da Saúde distribui insumos necessários para enfrentar esta situação adversa, como sais reidratantes, hipoclorito de sódio a 2,5%, antibióticos, soros, vacinas, reagentes e produtos para diagnóstico laboratorial.
Durante as chuvas mais intensas, acidentes como desabamentos e complicações no trânsito das grandes cidades tendem a ocorrer com mais freqüência. Esse fato leva o Ministério da Saúde a trabalhar em parceria com os governos locais, defesa civil, polícia civil e militar e bombeiros para garantir mais segurança para a comunidade. "A nossa preocupação é preparar os hospitais que recebem o apoio desses órgãos para que eles garantam o melhor atendimento possível e consigam salvar o máximo de vidas", explica Ricardo Marins. Para evitar problemas com as enchentes, o governo federal tem como principal recomendação aos municípios que invistam em obras de drenagem de águas pluviais (da chuva), o que pode amenizar os males provocados pelas enchentes. "Além de dar assistência aos municípios em caso de calamidade, também é importante contribuir com informações e medidas para evitar ou minimizar os acidentes", observa o especialista do Ministério da Saúde.
As autoridades recomendam ainda às pessoas muita atenção no trânsito durante as chuvas e que os motoristas reduzam a velocidade dos veículos. A pista molhada e escorregadia costuma provocar aumento no número de acidentes de carro.
Nessa época, o Ministério da Saúde também alerta para o crescimento de acidentes com animais peçonhentos, em função de deslocamentos dos habitats naturais provocados pelas inundações. Nesse período, animais como escorpiões, aranhas ou cobras procuram abrigo, e podem ser encontrados nas proximidades das casas, em jardins ou parques. Caso ocorra o acidente com animais peçonhentos, deve-se levar a vítima para um serviço de saúde, o mais depressa possível. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente o soro antipeçonhento, indicado para o tratamento, em todas as regiões do país.
Em dezembro de 2003, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) instituiu um grupo de trabalho para auxiliar os estados e municípios em situação de emergência relativa às chuvas e inundações. Em situação de calamidade, esse grupo se desloca imediatamente para qualquer estado ou município que foi atingido. Este trabalho ainda estabelece o acompanhamento diário junto aos estados para o controle da ocorrência de doenças relacionadas às chuvas e inundações; fornece informações para se enfrentar a situação; esclarece dúvidas e orienta sobre quais medidas devem ser tomadas.
Outra ação do Governo Federal para preparar estados e municípios para enfrentar situações de enchentes é a disseminação do Plano de Continência de Vigilância em Saúde frente a Situações de Calamidade e as Orientações à População e Secretarias Municipais de Saúde em Situações de Inundação. Essas informações estão disponíveis na página da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, no endereço eletrônico
DISPONÍVEL EM:http:// www.saude.gov.br/svs.